UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS - UFAM FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS - FCA PROGRAMA INSTITUICIONAL DE BOLSAS DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA – PIBIC RELATÓRIO FINAL PIB-A/0038/2009 Análise dos parâmetros reprodutivos da tartaruga-da-Amazônia (Podocnemis expansa) e tracajá (Podocnemis unifilis) em cativeiro. Bolsista: Jânderson Rocha Garcez, CNPq Orientador: Paulo César Machado Andrade, MSc. MANAUS 2009-2010 ii UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS - UFAM FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS - FCA PROGRAMA INSTITUICIONAL DE BOLSAS DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA – PIBIC RELATÓRIO PARCIAL PIB-A/0039/2009 Análise dos parâmetros reprodutivos da tartaruga-da-Amazônia (Podocnemis expansa) e tracajá (Podocnemis unifilis) em cativeiro. MANAUS 2009-2010 Relatório Final do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica – PIBIC financiado pelo CNPq, apresentado à banca examinadora com exigência para obtenção de avaliação do bom andamento do referido projeto. iii LISTA DE FIGURAS Figura 1: Localização dos criadouros de quelônios com reprodução e comercialização de quelônios acompanhados pelo Laboratório de Animais Silvestres...........................................................................................................11 Figura 2: captura de quelônios nos viveiros......................................................13 Figura 3: Biometria – Comprimento da carapaça..............................................13 Figura 4: Pesagem dos quelônios em cativeiro.................................................13 Figura 5: Marcação com furos e placas metálica..............................................13 Figura 6: Exemplar fêmea de P. expansa..........................................................13 Figura 7: Exemplar macho de P. expansa.........................................................13 Figura 8: Estimativa da idade através dos anéis de crescimento..................... 14 Figura 9: Vistoria na praia de desova na Fazenda São Francisco....................14 Figura 10: Ninho de P. expansa na Fazenda São Francisco........................... 14 Figura 11: Abertura de um ninho de P. expansa na Fazenda Nossa Sra. Aparecida...........................................................................................................14 Figura 12: Ovo de P. expansa...........................................................................14 Figura 13: Ninhos de tracajá marcados com piquetes.......................................15 Figura 14: Ninhos de quelônios transferidos para uma chocadeira na Fazenda Coco Laca, Manacapuru....................................................................................15 Figura 15: Ninhos de quelônios cercados com tela na Faz Nossa Sra. Aparecida em Iranduba/AM...............................................................................15 Figura 16: Ninhos de quelonios cercados com tela na Faz Nossa Sra. Aparecida em Iranduba/AM...............................................................................15 Figura 17: Coleta de areia na Faz Seringal 25 de Dezembro............................16 Figura 18: Berçário na Fazenda do Riacho.......................................................17 Figura 29: Berçário Fazenda Nossa Sra. Aparecida.........................................17 Figura 20: Tabuleiro de Vila Nova Parintins......................................................17 Figura 21: Regressão entre a idade da fêmea do P. expansa e o peso em cativeiro no Amazonas.......................................................................................21 Figura 22: Propriedades que fornecem alimentos a base de proteína animal e vegetal...............................................................................................................22 Figura 23: Temperaturas médias em ºC da areia da praia e ambiente no período diurno (fotoperíodo)..............................................................................23 Figura 24: Número de boiadas da tartaruga-da-Amazônia em cativeiro por hora em quatro quadrantes........................................................................................24 iv Figura 25: Regressão quadrática com relação fraca entre a quantidade de boiadas e as horas no decorrer do dia..............................................................24 Figura 26: Quantidade anual de ninhos de P. expansa e P. unifilis em todos criadouros no Estado do Amazonas..................................................................28 Figura 27: Regressão entre a idade do plantel reprodutivo e a quantidade ninhos de P. expansa em cativeiro no Amazonas.............................................29 Figura 28: Regressão entre o peso das fêmeas e a quantidade de ovos de P. expansa em cativeiro no Amazonas..................................................................29 Figura 29: Regressão entre o peso do plantel reprodutivo e a quantidade de ninhos de P. expansa em cativeiro no Amazonas.............................................30 Figura 30: 1º dia do embrião no ovo d P. expansa............................................32 Figura 31: 2º dia do embrião no ovo d P. expansa............................................32 Figura 32: Cova de P. expansa predada por jacuraru.......................................33 Figura 33: Larvas de mosca predando ovos de P. expansa..............................33 Figura 34: Quantidade anual de ovos e filhotes de P. expansa produzidos em cativeiro no Estado do Amazonas.....................................................................33 Figura 35: Quantidade anual de ovos e filhotes de P. expansa produzidos em cativeiro no Estado do Amazonas.....................................................................34 Figura 36: Regressão entre a razão sexual do plantel e a quantidade de ninhos em cativeiro no Amazonas.................................................................................34 Figura 37: Regressão entre a quantidade de ninhos e o nível da praia para quelônios em cativeiro no Amazonas................................................................35 Figura 38: Eclosão de P. expansa na Faz Nossa Sra Aparecida......................35 Figura 39: Biometria de P. unifilis na Fazenda São Francisco..........................35 v LISTA DE TABELAS Tabela 1: Quantidade de quelônios em idade reprodutiva, razão sexual, peso médio do plantel de reprodução das matrizes e reprodutores de P. expansa em doze criadouros no estado do Amazonas..........................................................20 Tabela 2: Diferença em animais que são fornecidos alimentos a base de proteína vegetal e animal por idade...................................................................22 Tabela 3: Espécies em cultivo e instalações para reprodução nos criadouros..........................................................................................................22 Tabela 4: Biometrias de ovos de tartaruga e tracajá em cinco criadouros da Região Metropolitana de Manaus e comparando-os com ovos de quelônios do Tabuleiro natural de Vila Nova em Parintins......................................................25 Tabela 5: Reprodução, nidificação e eclosão de tartarugas (P. expansa) nos criadouros do Amazonas...................................................................................26 Tabela 6: Reprodução, nidificação e eclosão de tartarugas (P. unifilis) nos criadouros do Amazonas...................................................................................27 Tabela 7: Eclosão de filhotes de tartaruga e tracajá nos criadouros.................30 Tabela 8: Comprimento da carapaça e peso dos filhotes de tracajá e tartaruga nascido em cativeiro no ano de 2009................................................................36 vi SUMÁRIO INTRODUÇÃO ................................................................................................... 1 2. OBJETIVOS ................................................................................................... 4 2.1 Objetivo Geral: .......................................................................................... 4 2.2 Objetivos específicos: ................................................................................ 4 3. REVISÃO DE LITERATURA .......................................................................... 5 3.1. Quelônios ................................................................................................. 5 3.2. Família Podocnemididae .......................................................................... 5 3.3. Tartaruga-da-Amazônia (Podocnemis expansa) ...................................... 5 3.4. Tracajá (Podocnemis unifilis) ................................................................... 6 3.5. Reprodução de Podocnemis expansa e Podocnemis unifilis ................... 6 3.6. Criação de quelônios em cativeiro ........................................................... 8 3.7. Instalações para reprodução em cativeiro. ............................................. 10 4. MATERIAL E MÉTODOS ............................................................................. 11 4.1. Áreas de estudo ..................................................................................... 11 4.2. Metodologia para avaliação dos Parâmetros Reprodutivos de quelônios em cativeiros. ................................................................................................ 12 4.2.1. Matrizes e reprodutores .................................................................... 12 4.2.2. Monitoramento da fase reprodutiva em cativeiro. ............................. 14 4.2.3. Caracterização ambiental de nidificação. ......................................... 16 4.2.4. Captura e manuseio dos filhotes. ..................................................... 16 4.2.5. Comparação com a reprodução em áreas naturais. ........................ 17 4.3. Análise estatística dos parâmetros reprodutivos .................................... 18 5. RESULTADOS ............................................................................................. 20 5.1. Caracterização dos ambientes de cultivo ............................................... 20 5.2. Comportamento dos quelônios em cativeiro .......................................... 23 5.3. Reprodução da tartaruga-da-Amazônia e tracajá em cativeiro. ............. 24 5.3.1 Nidificação e eclosão. ........................................................................ 24 6. CONCLUSÃO ............................................................................................... 38 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................... x 1 INTRODUÇÃO Antes dos europeus invadirem a bacia Amazônica, as tribos indígenas viveram por milênios explorando as abundantes populações de tartarugas, mas elas foram usadas de forma sustentável e os povoados existentes não eram grandes suficientes para causar diminuição local das espécies. Essa realidade mudou com a chegada dos barcos o Velho Mundo (Vogt, 2008). Tradicionalmente, os quelônios aquáticos têm servido ao homem, à muito tempo como importante recurso alimentar (Smith, 1979). Na Amazônia, o consumo de quelônios é muito comum, isso tem levado a caça e comercialização ilegal de ovos e animais adultos. Entre as principais atividades adotadas para conservação dos quelônios, está o incentivo a criação de quelônios com finalidade comercial em criadouros legalizados, desestimulando a caça predatória e o comércio ilegal através da oferta legal de tartarugas e seus subprodutos (RAN, 2001). Tartaruga e tracajás são espécies com potencial para exploração zootécnica, boa adaptabilidade às condições de confinamento, carne e subprodutos com relevante valor (Luz & Reis, 2005). A tartaruga (Podocnemis expansa) e o tracajá (Podocnemis unifilis) são as espécies mais procuradas para criação comercial, que, depende da retirada de milhares de filhotes de praias de reprodução protegidas pelo IBAMA. A criação comercial, atualmente, é permitida pela Instrução Normativa Nº 169 de fevereiro de 2008. Os animais de criadouros registrados, dependendo da época, ainda não conseguem atender a demanda local e, seus preços, são superiores ou similares ao dos animais do tráfico ilegal (Andrade, 2008). Espera- se que o aumento da oferta de produtos oriundos de criadouros licenciados de animais silvestres diminua a pressão de caça sobre os estoques naturais, cujo manejo será um fator importante para manter a conservação das espécies de elevado valor econômico. 2 O Estado do Amazonas é o maior criador de quelônios do país, com 85 criadores registrados e cerca de 250.000 animais em cativeiro, sendo 27% em Manacapuru, 16% em Manaus, 16% em Rio Preto da Eva, 11% em Manicoré, 5% em Iranduba e 5% Itacoatiara, 5% em Parintins, 5% em Carauari, 5% no Careiro e 5% em São Gabriel da Cachoeira (Anízio, 2008). No Amazonas, existem aproximadamente 87 praias reprodutivas naturais (tabuleiros) protegidas em diferentes calhas de rio, com uma produção média de 1.477.454 ± 115.466 filhotes/ano, e a demanda por filhotes para criação têm sido cada vez mais elevada. O principal fornecedor de filhotes, no período de 1995 a 1998, era a Reserva Biológica do Abufari, mas a retirada anual de filhotes necessitava de pesquisas. Sem essas informações ou qualquer investigação sobre os estoques naturais, nada se sabia sobre a abundância e densidade, área de vida, uso de habitats e taxas de sobrevivência de filhotes em diferentes estágios de vida (filhotes, jovens, subadultos e matrizes). Além disso, tratava-se de uma Rebio onde é proibida a retirada e o manejo de qualquer espécie. Depois, os principais fornecedores de filhotes para os criadores do Amazonas foram os tabuleiros de Walter Buri, no rio Juruá, monitorado pelo Escritório Regional do IBAMA em Eirunepé, e Sororoca e Toró, no rio Branco/RR. (Andrade, 2008). A falta de suporte técnico adequado, sobre a dinâmica de populações de quelônios, para os órgãos governamentais e para os criadores, constitui um sério problema para indicar de que locais de onde devem ser retirados os filhotes para o manejo e para criação em cativeiro, tentando manter os mesmos níveis de variabilidade genética encontrados nas populações naturais (Andrade, 2008). Nos sistemas tradicionais de criação de quelônios avaliados no Amazonas, existe a necessidade de, somando-se a toda tecnologia de cultivo gerada pela Universidade Federal do Amazonas nos últimos doze anos, suplementar os estudos da criação em cativeiro, através da análise do desempenho e comercialização dos animais de P.expansa, entregues entre os anos de 1996 a 1998 e que, a partir de 2005, começaram a reproduzir em cativeiro, fechando o ciclo na queloniocultura do Amazonas. Com o intuito de contribuir com o conhecimento sobre os aspectos e parametros reprodutivos e de comercialização de Podocnemis expansa e Podocnemis unifilis em cativeiro, este trabalho objetivou avaliar a eficiência reprodutiva destes animais em criadouros registrados, acompanhando-se todo o 3 ciclo reprodutivo, desde a desova até a eclosão dos filhotes. Esses dados permitirão avaliar se, esta atividade, pode ser auto-sustentável e no futuro, não haver mais necessidade de fornecimento de filhotes provenientes da natureza para iniciar a criação comercial, bem como entender o processo de venda de tartarugas legalizadas no Amazonas, contribuindo assim para conservação das populações naturais. 4 2. OBJETIVOS 2.1 Objetivo Geral: Avaliar os principais parâmetros reprodutivos da tartaruga-da-Amazônia (Podocnemis expansa) e tracajás (Podocnemis unifilis) em cativeiro no Estado do Amazonas. 2.2 Objetivos específicos: a) Determinar os parâmetros reprodutivos: tamanho e idade das fêmeas em postura, abundância e distribuição dos ninhos, no de ovos/ninho, período de incubação, taxa de eclosão e razão sexual dos filhotes. b) Comparar a eficiência reprodutiva de P. expansa e P. Unifilis em cativeiro com a produção natural no tabuleiro de Vila Nova em Parintins. c) Caracterizar o ambiente de nidificação em cativeiro. d) Identificar os principais predadores de ovos e filhotes em cativeiro. e) Avaliar a influência das razões sexuais encontradas nos plantéis sobre a eficiência reprodutiva de tartaruga em cativeiro. 5 3. REVISÃO DE LITERATURA 3.1. Quelônios Os quelônios existem desde período o Jurássico, a 250 milhões de anos e hoje, possuem cerca de 335 espécies de água doce, 8 de água salgada e 34 terrestres (Garschagen, 1995). São comumente conhecidos como cágados, jabutis e tartarugas (Luz & Reis, 2005). São vertebrados pecilotérmicos, com crânio bem ossificado, pele seca e recoberta por escamas epidérmicas (Orr, 1986). Possuem corpo encaixado em um casco ósseo, recoberto por uma camada de placas córneas, que é utlizado como instrumento de defesa (Luz & Reis, 2005). A ordem Chelonia é encontrada nos mais variados locais e são considerados os mais antigos répteis existentes. (Rueda-Almoncid et al, 2007). Seu tamanho varia de acordo com a espécie. A maturidade sexual nos machos ocorre entre os 4 e 12 anos e nas fêmeas entre 8 e 25 anos. São os únicos répteis que possuem carapaça externa que é utilizada como defesa. A maioria dos quelônios terrestres é herbívora e apresenta carapaça alta no formato de uma cúpula. As espécies marinhas possuem um formato mais achatado e sua alimentação é mista. Sua audição e visão são muito desenvolvidas (IBAMA, 1989). Recolhem a cabeça, as pernas e a cauda para o interior da carapaça, servindo de escudo de proteção, ou possuem mandíbulas e fortes maxilares, usados para morder vorazmente o inimigo, ou ainda, desenvolvem um tipo de natação muito rápida. O conhecimento dessas características biológicas é fundamental para melhorar o manejo das espécies em cativeiro (CENAQUA, 1994). 3.2. Família Podocnemididae A Podocnemididae é a família que inclui as espécies de maior importância no comércio e na subsistência local (Smith, 1979). São chamados de “tartaruga de corpo escondido”. Caracterizam-se por apresentar o pescoço lateralmente retrátil, com especializações vertebrais associadas, 13 escudos plastrais, pélvis fundida tanto a carapaça como o plastrão, possui uma forma ovalada e achatada (Pritchard & Trebbau, 1984). 3.3. Tartaruga-da-Amazônia (Podocnemis expansa) A tartaruga-da-Amazônia (Podocnemis expansa), é a maior representante vivo da sub-ordem pleurodira, é a maior e mais conhecida espécie do gênero no 6 Brasil e habita as bacias dos rios Orinoco e Amazonas (Pritchard & Trebbau, 1984), a fêmea adulta pode atingir cerca de 82 centímetros de comprimento e 60 kg de peso (Ernst & Barbour, 1989; Pritchard, 1979). É considerada a maior pleurodira, é também o maior quelônio de água doce da América do Sul, e é a espécie mais explorada comercialmente (Vogt, 2008). Apresenta dimorfismo sexual, as fêmeas são maiores que os machos e possuem a cauda menor, no plastrão a placa anal tem uma fenda em forma de “V” enquanto que nos machos tem forma de “U” (Pritchard & Trebbau, 1984). Machos são ligeiramente menores que as fêmeas, cauda mais espessa e envaginação anal maior (Vogt, 2008) Dependem exclusivamente do ambiente aquático para o seu crescimento, locomoção e acasalamento, só deixando a água para se aquecer ao sol e para desovar (Luz & Reis, 2005). Possuem dois barbelos no queixo na maioria dos indivíduos (Vogt, 2008). 3.4. Tracajá (Podocnemis unifilis) O Tracajá (Podocnemis unifilis) pode ser encontrado nas bacias dos rios Amazonas e Orinoco e seus afluentes no norte da América do Sul (Pritchard & Trebbau, 1984; Iverson, 1992). Sua distribuição geográfica é a mesma da tartaruga (Luz & Reis, 2005). É a espécie de quelônio mais comum da América do Sul (Vogt, 2008). A fêmea adulta pesa em torno de oito quilos e mede cerca de 38 cm, é considerada a segunda espécie mais consumida na região amazônica. Apresenta dimorfismo sexual, os machos adultos apresentam pontos amarelos na cabeça, são menores que as fêmeas e possuem a cauda mais grossa (Pritchard & Trebbau, 1984). Possui a forma ovulada, com carapaça e plastrão de coloração escura. Apresenta patas curtas e cobertas com pele rugosa, cabeça achatada e cônica, de pequeno tamanho em relação ao corpo. Possui manchas amareladas na cabeça, na parte dorsal. Os olhos, bastante juntos, são separados por um sulco. Vive, principalmente, em lagos, rios e igarapés. Supõe-se estar maduro sexualmente após os sete anos. Alimenta-se de frutas, sementes, raízes, folhas e, ocasionalmente, de insetos, crustáceos e moluscos (Reis, 1994). Procura desovar isoladamente em barrancos, em covas de, aproximadamente, 30 cm de profundidade onde coloca 35 ovos em média (Soini, 1995). 3.5. Reprodução de Podocnemis expansa e Podocnemis unifilis 7 A cova de P. expansa pode ser identificada pela areia molhada, extraída pelo animal, das partes mais profundas da cavidade, pelo rastro deixado na areia na subida para a desova ou, ainda, utilizando-se uma varinha que penetra facilmente na cova (Alho & Pádua, 1982). A desova da tartaruga acontece geralmente à noite e põe em média, 100 ovos/postura, uma única vez por ano, em covas com até 80 cm de profundidade (Luz & Reis, 2005). O período embrionário do ovo da tartaruga é de 45 dias, permanecendo os filhotes no fundo da cova (câmara de incubação) até completarem 60 dias, prazo que coincide com a absorção total da bolsa da gema, implantada na parte externa do plastrão, em que se forma o umbigo. Os ovos mantidos em incubação natural são 85% gerados, desde que permaneçam em equilíbrio a umidade e a temperatura (Alho & Pádua, 1982). Fêmeas de tracajá não se agregam em grandes grupos, para nidificar como fazem as P. expansa, mas agregações de 5 a 25 fêmeas podem ser vistas tomando sol juntas (Vogt, 2008). As covas de tracajá são identificadas pelo monte de argila, areia e/ou capim umedecidos, com os quais a espécie fecha a cavidade da postura, não ocorrendo tal fato quando a desova é em terreno não argiloso (Alho, 1986). Os ovos de tracajá são de forma elipsoidal, de casca calcárea e de cor esbranquiçada. Quando estão recém-postos são duros, transparentes e cobertos de um líquido ligeiramente viscoso. No segundo dia de incubação a superfície dos ovos fica seca e começa a ficar opaca. Ao decorrer da primeira semana de incubação a casca está, na maioria dos ovos, completamente opaca e começa a suavizar-se. Também se nota um ligeiro inchaço dos ovos que dura até o final do período de incubação, resultando no aumento do diâmetro dos ovos (Soini et al., 1997). A determinação de sexo em P. unifilis e P. expansa depende da temperatura de incubação (Souza & Vogt, 1994). Em cativeiro, as praias artificiais para tartarugas devem ser feitas com areia fina ou média, situadas à margem dos tanques e barragens, ou ao centro, em forma de ilha (mais difícil manutenção e reposição da areia perdida pela movimentação da água e dos animais). A altura mínima deverá ser de um metro acima do nível da água, entretanto, é preciso verificar até que altura a água do tanque infiltra na areia. Deve haver uma faixa mínima de 30 cm isolando a areia 8 úmida do tabuleiro, separando-a do fundo do ninho. No caso da tartaruga, deve haver 1 m² de praia para cada matriz em reprodução (Andrade, 2008). Em 2005, os primeiros espécimes de P. expansa doados pelo IBAMA em 1995, para criação, realizaram sua primeira postura, completando assim, o ciclo de criação através da reprodução em cativeiro (Andrade, 2008). A idade média do plantel reprodutivo nas primeiras desovas de tartaruga em cativeiro é de 8,57 ± 0,79 anos. (Andrade, 2008). Na natureza, O tracajá demora no mínimo 7 anos para atingir a maturação sexual (Townend, 2008). Nas criações de tartarugas do estado do Amazonas, a razão sexual variou de 3 a 11♀:1♂, com matrizes pesando entre 17,6 a 20,87 kg e reprodutores pesando entre 4,2 e 8,2 kg. Os ovos de tartaruga mediram 33,3 ± 3,54 mm e pesaram 19,8 ± 7,08 g, já os de tracajás mediram 34,3 ± 0,89mm e pesaram 16,4 ± 1,67g. O número médio de ovos de tartaruga por ninho foi de 60,5 ± 4,95 ovos, e o de tracajá foi de 26,43 ± 8,81 ovos. Os ovos gorados em ninhos de tartaruga foram 21,05 %, e nos de tracajá 25,52%. Foram predados por jacuraru 78,95% ovos de tartaruga e 64,5 % de tracajá (Andrade, 2008). 3.6. Criação de quelônios em cativeiro A criação comercial, licenciamento e instalação para o cultivo são permitidos pela Instrução Normativa Nº 169 de 2008 para as espécies P. expansa, P. unifilis, P. sextuberculata e Kinosternon scorpioides. A criação comercial de quelônios surge visando amenizar a atividade predatória contribuindo para sua conservação, e fornecendo uma alternativa de renda às famílias da região. A possibilidade desta criação é resultado dos trabalhos de proteção e manejo de quelônios na natureza, como investimento promissor, não só pelo aspecto econômico, como pela relevância que assume na cultura amazônica (Andrade et al, 2005; Bezerra & Andrade, 2006; Rodrigues & Andrade, 2005). Os tracajás parecem ser mais rústicos do que as tartarugas, o que tem lhes conferido uma melhor adaptação ao cativeiro (Reis, 1994). Essa é uma espécie que pode ser manejada em cativeiro para fins de repovoamento de áreas onde está em número reduzido, ou para fins comerciais. Têm fácil adaptação às condições bióticas e abióticas de cativeiro, resistência à manipulação, elevada taxa reprodutiva em cativeiro, fácil adaptação aos alimentos de origem animal e 9 vegetal, rápido crescimento inicial (Acosta et al., 1995), ovos e carne de boa qualidade e boa aceitação pelos ribeirinhos. O sistema de produção animal mais eficiente é aquele que otimiza os recursos genéticos, ambientais e socioeconômicos e as práticas de manejo em todos os componentes do ciclo produtivo. Uma das finalidades da criação comercial de quelônios é de que os criadores se tornem auto-sustentáveis quanto à manutenção de sua produção, ou seja, recebem os filhotes com o compromisso de criá-los e na fase adulta devem separar seu plantel de matrizes, diminuindo desta forma a necessidade de retirada dos filhotes da natureza. Assim, o conhecimento do grau de eficiência reprodutiva de quelônios em cativeiro é imprescindível para avaliar seu potencial produtivo (Andrade, 2008). Como uma estratégia para conservação, o IBAMA fornece para cada criador registrado, 4000 filhotes/ha de lâmina d’água de viveiro, com o compromisso de criá-los até a idade adulta e reproduzi-los em cativeiro. Os criadores recebem permissão para comercializar 90%, sendo que os outros 10% do plantel devem permanecer nos criadouros como matrizes. Poucos são os estudos que indicam a eficiência reprodutiva de quelônios em cativeiro, sendo extremamente necessários para subsidiar programas de manejo (Andrade, 2008). Os animais reprodutores têm sido marcados, o sistema que apresentou melhor resultado foi à perfuração de uma das placas marginais da carapaça, associando-se ou não argolas aos furos, com durabilidade de dois a quatro anos (Luz & Reis, 2005). Poucos são os estudos que indicam a eficiência reprodutiva de quelônios em cativeiro, sendo extremamente necessários para subsidiar programas de manejo (Andrade, 2008). Com relação ao tamanho dos criadouros, 50% têm suas propriedades variando de 9 a 35 ha, e 20 % entre 100 a 200 ha e 10% apenas tem mais de 5000 ha e os outro 20% 1000 a 2000 ha. As represas variaram de 0,1 a 6,0 ha, embora a maioria estivesse entre 1 e 2 ha, e os berçários de 30 a mais de 1.000 m². A maior parte dos criatórios possui densidade de berçário entre 0,5 e 5 indivíduos/m² (Andrade et al., 2003). O custo com ração é de U$ 1,45 para produzir 1 kg de carne de tartaruga em sistema super-intensivo em tanque-rede pode-se obter renda líquida de U$ 246,24/m³. Nos criadouros do Amazonas, os custos fixos estão em R$ 0,74 e os 10 custos variáveis em R$ 2,19 para se produzir 1 kg de tartaruga. Considerando, os atuais preços de venda do produtor, têm uma margem de lucro possível de 104,78 a 241,30%, o que caracteriza a quelonicultura como uma atividade altamente rentável (Andrade et al., 2003). Em cativeiro, a tartaruga pode ter seu crescimento acelerado, dependendo do tipo de manejo utilizado e da disponibilidade de alimento, podendo alcançar até 1,5 kg de peso vivo no primeiro ano de cultivo (Costa, 1999; Duarte, 1998). 3.7. Instalações para reprodução em cativeiro. P. expansa tem-se reproduzido com sucesso em cativeiro nos lagos artificiais com praias artificiais (Vogt, 2008). Esta instalação destina-se aos reprodutores e matrizes, selecionados em animais acima de quatro anos ou sete quilogramas de peso vivo, no caso das tartarugas, e quatro anos ou acima de três quilogramas, no caso dos tracajás. Trabalha-se com uma densidade de 1 animal para cada 2,5 m², preferencialmente em barragens de 1 hectare ou grandes tanques escavados (acima de 1.000 m²). Em uma de suas margens deverá ser construída uma praia artificial com areia fina ou média, com no mínimo 1 metro de altura acima do nível d’água (Andrade, 2008). Quanto mais divididos forem os lotes, preferencialmente por classe de tamanho ou peso, menor a competição e mais uniformemente os animais terão acesso ao manejo e alimentação oferecidos. Todas as instalações deverão ser cercadas com cercas de madeira, tela de alambrado ou mureta de alvenaria com no mínimo, 60 cm de altura e com cantos arredondados. Este tipo de estrutura evitará a fuga de animais, quando eventuais problemas de secagem acidental dos tanques e barragens (Andrade, 2008). Para Espriella (1972) e o SEBRAE (1995) praias de desova, devem margear o criatório e possuir 250 m² aproximadamente. O uso de cercas deve ser feita após a construção com mourões distanciados a cada 2 m, a profundidade do mourão e da estaca deve ser de 30 cm, a uma altura de 1,5 m e no caso da superfície da água deve estar a 1 m acima da superfície para evitar a entrada de animais indesejáveis ou a saída das tartarugas do berçário ou represa. Em vista disso, não é recomendado construir porta comum e quando for o caso o tipo guilhotina seria o indicado, incluindo também rampa para acesso dos animais, cultivos e plantas para ampliar/diversificar a alimentação dos quelônios. 11 4. MATERIAL E MÉTODOS 4.1. Áreas de estudo Foram acompanhados dados de reprodução de tartarugas vivas em 12 propriedades, distribuídas em 7 municípios (Iranduba, Itacoatiara, Manacapuru, Manaus, Presidente Figueiredo, Rio Preto da Eva) no estado do Amazonas. Nas propriedades houve um acompanhamento direto do Laboratório de Animais Silvestres da UFAM, através de visitas técnicas e acompanhamento indireto, no banco de dados do IBAMA através dos relatórios anuais dos criadores. Conforme apresentado nas figuras 1, as propriedades monitoradas com acompanhamento direto foram: Figura 1: Localização dos criadouros de quelônios com reprodução e comercialização de quelônios acompanhados pelo Laboratório de Animais Silvestres. a) Fazenda Agropecuária Nossa Senhora Aparecida (3º11’11,22”S 60º17’50,32”O), de propriedade do Sr. José Silva de Vasconcelos, localizada à Rodovia Manoel Urbano, Am-070, km 26, ramal 2.5 - Pico Belo Vista, no município de Iranduba/ AM (Figura 2). b) Fazenda Ana Nárda, de propriedade do Sr. Eric B. Chlamtac, localizada na margem do Igarapé do Tarumã, no município de Manaus/AM. c) Fazenda Coco Laca (3°14'19.61"S 60°36'10.03"O), de propriedade do Sr. Kimack, localizada na Rodovia Manuel Urbano - AM 070, km 69, no município de Manacapuru/AM. 12 d) Fazenda do Riacho (2°40'52.95"S 59°53'1.77"O), de propriedade do Sr. Raimundo. M. Mendonça, localizada na Rodovia Am-010, km 50, ZF-1, km 7, no município de Manaus/AM. e) Fazenda São Francisco (3°14'44.65"S 60°36'26.76"O), de propriedade do Sr. Francisco Campos, localizada à Rodovia Manoel Urbano, Am-070, km 71, no município de Manacapuru/ AM (Figura 3). f) Sítio Karina (2°54'13.81"S 59° 1'53.39"O), de propriedade do Sr. José Itamar da Silva, localizada na Rodovia Am-010, km 188, no município de Itacoatiara. g) Nova Oriente Agropecuária Ltda., de propriedade do Sr. João Batista Pi Chung Yee, localizada na Rodovia Am 010, Km 105, ZF-9, Km 19, no município de rio Preto da Eva/AM. h) Chácara Flora, de propriedade do Sr. Nadier Pinheiro de Araújo, localizada no Condomínio Itaporanga IV, Av. Perimetal Thales, n767, Taurmã, no município de Manaus-AM. i) Balneário 3 irmãos (3° 9'46.10"S 60°16'7.61"O), propriedade do Sr. Edson da Silva Barros, localizada na Rodovia Manuel Urbano AM-070, km 25, no município de Iranduba/AM. j) Fazenda Seringal 25 de Dezembro (3°18'32.16"S 60°35'26.42"O), propriedade do Sr. Manoel Chicó, localizada na margem esquerda Rio Solimões, Lago do Calado, no município de Manacapuru/AM. l) Sítio Paraíso Verde (2°59'12.33"S 59°59'22.98"O), de propriedade do Sr. Silvio Paula Façanha e Silva, localizada na Estrada da Penetração, Loteamento Vale da Felicidade, bairro Santa Marta. Rodovia Torquatro Tapajós, Km 13, no município de Manaus/AM. m) CPPQA - Centro de Preservação e Pesquisa de Quelônios Aquáticos (1°56'7.60"S 59°29'29.19"O), localizado próximo a Hidrelétrica de Balbina, no município de Presidente Figueiredo. 4.2. Metodologia para avaliação dos Parâmetros Reprodutivos de quelônios em cativeiros. 4.2.1. Matrizes e reprodutores Nos criadouros anteriormente descritos, houve a captura de fêmeas e machos adultos, onde foi realizada uma biometria semestral, com medidas da 13 Fonte: Andrade, 2009. Fonte: Andrade, 2009. carapaça, plastrão e peso. Também foi verificada a idade através do ano de recebimento do lote ou através de anéis de crescimento na carapaça, e feita a sexagem para determinar a razão sexual para comparar a eficiência reprodutiva desses quelônios nos criadouros. Na captura, as matrizes e reprodutores receberam uma marcação individual com plaquetas de alumínio e furos na borda da carapaça. Figura 2: captura de quel6onios nos viveiros. Figura 3: Biometria – Comprimento da carapaça. Figura 4: Pesagem dos quelônios em cativeiro. Figura 5: Marcação com furos e placas metálica. Figura 6: Exemplar fêmea de P. expansa. Figura 7: Exemplar macho de P. expansa 14 Fonte: Garcez, 2007. Fonte: Garcez, 2008. Fonte: Garcez, 2008. Fonte: Andrade, 2006. Fonte: Garcez, 2008. Fonte: Garcez, 2008. Fonte: Andrade, 2009. Figura 8: Estimativa da idade através dos anéis de crescimento. 4.2.2. Monitoramento da fase reprodutiva em cativeiro. No período de desova (agosto e setembro), os recintos foram monitorados diariamente pelo responsável de cada criadouro. No período da manhã, foi realizada uma vistoria nos locais de postura para identificação das covas, observando a presença de solo recentemente perturbado, rastros deixados na noite pelas fêmeas ou ninhos cobertos externamente com areia úmida (Vogt, 2001; Fachin-Terán, 1992). Figura 9: Vistoria na praia de desova na Fazenda São Francisco. Figura 10: Ninho de P. expansa na Fazenda São Francisco. Figura 12: Ovo de P. expansa. Figura 11: Abertura de um ninho de P. expansa na Fazenda Nossa Sra. Aparecida. 15 Fonte: Garcez, 2008. Fonte: Garcez, 2008. Fonte: Garcez, 2008. Figura 14: Ninhos de quelônios transferidos para uma chocadeira na Fazenda Coco Laca, Manacapuru. Fonte: Garcez, 2008. Fonte: Garcez, 2008. Figura 15: Ninhos de quelônios cercados com tela na Faz Nossa Sra. Aparecida em Iranduba/AM. Figura 16: Ninhos de quelonios cercados com tela na Faz Nossa Sra. Aparecida em Iranduba/AM. Foram registradas em fichas a data da desova, profundidade e largura do ninho, distância e altura do ninho em relação ao nível da água, distância da vegetação e do ninho mais próximo. Os ninhos foram cercados com tela para proteção e controle do nascimento dos filhotes e marcados com uma estaca de madeira contendo o número do ninho, espécie que desovou a provável data de eclosão, ou seja, 60 dias da postura. Em algumas propriedades, os ninhos foram transferidos para uma área mais protegida (chocadeira). Foram registradas as causas de perdas de ninhos e ovos, a freqüência em que estas causas ocorrem e seu impacto na produção total de filhotes. Figura 13: Ninhos de tracajá marcados com piquetes. 16 Figura 17: Coleta de areia na Faz Seringal 25 de Dezembro. Foram registrados o número, o peso, o comprimento e a largura de uma amostra de 5 ovos a cada 3 ninhos . Nos dias próximos à provável data de eclosão, os ninhos foram monitorados para a identificação de sinais indicando a presença dos filhotes. Os sinais procurados foram a formação de um cone na superfície do ninho, pela movimentação dos filhotes na câmara (Andrade, 2008), a casca translúcida em função da perda de cálcio, e a presença de gotículas de água e pequenas rachaduras na superfície (Pezzuti, 1997). 4.2.3. Caracterização ambiental de nidificação. Em cada praia foi realizada medição para determinação da área e realizada sua altimetria, para determinação do nível médio da praia em relação ao nível da água da barragem ou tanque de reprodução. Foram medidos as distancias do ninho para a água e a vegetação mais próxima e verificada a taxa de eclosão em cada um. Foram coletadas amostras a cada 20 cm da areia da praia dos criadouros em diferentes níveis de profundidade de 0 cm a 100 cm, para caracterização do tipo de substrato, densidade da areia, granulometria e presença de resíduos orgânicos. 17 Fonte: Garcez, 2008. Fonte: Garcez, 2009. Figura 20: Tabuleiro de Vila Nova Parintins. 4.2.4. Captura e manuseio dos filhotes. Após a eclosão, foram contados o número de filhotes vivos, número de embriões mortos e número de ovos sem desenvolvimento aparente (inférteis). Após a absorção total do vitelo, os filhotes foram medidos, pesados e adicionada uma marcação do ano na borda da carapaça, em seguida, foram levados ao berçário (Figuras 19 e 20). Figura 18: Berçário na Fazenda do Riacho. Figura 19: Berçário Fazenda Nossa Sra. Aparecida. Para os filhotes que não tiveram covas identificadas após a postura, foram verificados os ninhos abertos deixados pela saída dos filhotes que foram em direção água. Nesses ninhos foram contadas as cascas de ovos para determinar a quantidade de ovos que ali existiu. Em alguns criadouros, foi utilizado o sistema armadilhas de interceptação e queda (pit-falls) margeando a praia para evitar que os filhotes caíssem na represa após a eclosão. 4.2.5. Comparação com a reprodução em áreas naturais. Foram analisados os números de ninhos, número de médios de ovos por ninhos, biometria dos ovos, taxa de eclosão, biometria dos filhotes após eclosão, ovos inférteis e gorados, razão sexual dos filhotes, altura da praia, distancia do ninho para vegetação e água no tabuleiro de Vila Nova – Parintins (2°35'23.92"S 57°15'14.45"O), através de um banco de dados do Projeto Pé-de-Pincha. 18 4.3. Análise estatística dos parâmetros reprodutivos Para determinar os efeitos das características ambientais da praia, manejo e da razão sexual do plantel de reprodutores em cativeiro, foram analisados os parâmetros reprodutivos e a eficiência reprodutiva através das seguintes variáveis: tamanho e idade das fêmeas em postura; abundância e distribuição dos ninhos; no de ovos/ninho; período e temperatura de incubação; peso e tamanho dos ovos; taxa de eclosão; percentual de ovos inférteis; taxa de sobrevivência, tamanho e peso dos filhotes; razão sexual dos filhotes. Foram tabulados dados referentes à dimensões de instalações, densidade de cultivo, tipo de alimentação, manejo alimentar e razão sexual do plantel de reprodutores aos quais estavam submetidas às fêmeas em idade reprodutiva em quatro dos criatórios avaliados neste trabalho, no período de 1996 a 2006. Estas informações foram obtidas através de visitas aos proprietários, no banco de dados do Projeto “Diagnóstico da criação de animais silvestres no Estado do Amazonas -LAS” (Andrade, 2004) e através da análise de processos dos criadores no Núcleo de Fauna Silvestre - NUFAS/IBAMA/AM. Estes dados serviram num primeiro momento para agrupar as propriedades em diferentes sistemas de produção de acordo com as características mais aproximadas. Com os dados tabulados em planilha Excel, foram feitas analises estatísticas exploratórias com o uso de estatística descritiva (média, desvio padrão e histograma) e matrizes de correlação entre todas as variáveis biológicas analisadas (peso e idade das matrizes e reprodutores, número de ninhos, número médio de ovos, número total de ovos, número de filhotes, taxa de eclosão, tamanho e peso dos ovos e filhotes) e as varáveis ambientais (área da praia, área da barragem, altura das praia, granulometria e umidade da areia, temperatura da areia e da água). As varáveis com correlação de Pearson significativo receberam tratamento estatístico mais refinado. Os dados obtidos foram agrupados em um delineamento blocos casualizados, onde os blocos foram os grupos de criadores com características semelhantes e as causas de variação as características de cada plantel, a razão sexual e o manejo (Ferreira, 1991; Sokal & Rolfh, 1990). Cada ninho foi considerado uma repetição. Como foram avaliados com índices e estimadores não lineares, os dados originais sofreram a transformação indicada pelo teste box-cox (sistema de análises SAS), para atenderem as exigências de 19 normalidade das variáveis, os dados foram analisados através de análises multivariada (MANOVA), com medidas repetidas no tempo (serie temporal 2007, 2008, 2009) para identificação os efeitos principais das causas de variação sobre o grupo de variáveis da população de cada criador (Comprimento e largura da carapaça e plastrao, altura, peso, número de ninhos, número de ovos, etc). Foi aplicado, também, o teste não-paramétrico de Kruskall-Wallis para a comparação de entre os criatórios dois a dois e o teste de Friedman, para os dados agrupados em blocos. As casas ou fatores de variação analisadas foram a razão sexual, o peso e idade das matrizes e reprodutores, tamanho e altura da praia, a grnulometria e umidade da areia, a fonte de proteína da alimentação, a densidade de cultivo e o tamanho da represa ou tanque de reprodução. Os testes multivariados aplicados foram o de Wilks e Pilai. Para os fatores ou causa de variação onde, verificou-se a correlação das variáveis com as causas de variação do ambiente, manejo e razão sexual, e com nível de 5% de significância pela MANOVA, através do programa Minitab e SAS, foram testadas melhores modelos de regressão se aplicarão as variáveis testadas (linear, quadrática, cúbica, logística), que pudessem estimar os padrões encontrados para as variáveis analisadas.. As diferenças relativas à posição e altura entre ninhos foram testadas através de regressão logística. Neste modelo, as variáveis independentes (características do microhabitat) foram utilizadas como determinantes da variável dependente, categórica, codificada como sendo zero (sítio de nidificação). A influência de características dos ninhos sobre a incubação dos ninhos e a razão sexual, tempo de incubação e sobrevivência dos embriões foi testada através de regressões múltiplas. Os ninhos eclodidos foram discriminados dos ninhos perdidos por diferentes causas, individualmente também através de regressão logística, tendo como variáveis dependentes o peso dos animais, quantidade de ninhos depositados, quantidade de ovos por ninhos e variáveis independentes o nível da praia, nível do ninho, razão sexual do plantel reprodutivo e idade dos animais em postura. 20 5. RESULTADOS 5.1. Caracterização dos ambientes de cultivo Foi realizada nos criadouros biometria e marcação do plantel reprodutivo, onde foram capturados fêmeas e machos adultos do lote de reprodução. A tabela a seguir mostra a quantidade de tartarugas (P. expansa) em idade reprodutiva nas propriedades, razão sexual e o peso dos animais. Tabela 1: Quantidade de quelônios em idade reprodutiva, razão sexual, peso médio do plantel de reprodução das matrizes e reprodutores de P. expansa em doze criadouros no estado do Amazonas. Propriedade Município Animais em idade reprodutiva Razão sexual Peso das Fêmeas (kg) Peso dos Machos (kg) Balneário 3 irmãos Iranduba 6 1♀:1♂ 20,12 ± 11,46 6,90 ± 2,27 Chácara Flora Manaus 500 2,6♀:1♂ 19,25 ± 1,43 7,22 ± 2,44 CPPQA – Balbina Pres. Figueiredo 161 3,7♀:1♂ 35,74 ± 9,19 8,77 ± 3,97 Fazenda Coco Laca Manacapuru 660 5♀:1♂ 13,00 ± 6,83 4,5 ± 0,50 Fazenda do Riacho Manaus 460 1,3♀:1♂ 18,09 ± 5,21 7,24 ± 1,97 Nossa Sra. Aparecida Iranduba 341 6♀:1♂ 23,01 ± 4,43 4,62 ± 1,08 São Francisco (Campos) Manacapuru 500 1,6♀:1♂ 26,87 ± 7,18 5,46 ± 0,94 Seringal 25 de Dezembro Manacapuru 962 2,26 ♀:1♂ 24,28 ± 7,86 4,50 ± 0,35 Nova Oriente R. Preto da Eva 184 2,12♀:1♂ 18,00 8,00 Propriedade Ana Nardia Manaus 109 2,6♀:1♂ 30,02 ± 10,51 7,22 ± 2,44 Sítio Karina Itacoatiara 10 1♀:1♂ 40,3 ± 6,55 1,69 ± 0,24 Sítio Paraíso Verde Manaus 14 13♀:1♂ 22,77 ± 10,71 9,00 A propriedade com maior número de tartarugas em idade reprodutiva é a Fazenda Seringal 25 de Dezembro em Manacapuru, com 962 animais. O menor plantel reprodutivo foi encontrado no Sítio Karina em Itacoatiara, os animais que pertenciam a esse lote foram comercializados, restando apenas animais de porte médio e apenas 5 fêmeas matrizes. A maior razão sexual encontrada é na propriedade Nossa Sra. Aparecida com 6 fêmeas para 1 macho. As maiores fêmeas foram encontradas no CPPQA – Balbina, Sitio Karina e na Ana Nárdia, com animais acima dos 30 quilos em média. As menores fêmeas foram registradas na Coco Laca com 13,00 ± 6,83 quilos. Nas propriedades, as idades dos animais em idade reprodutiva variam de 8 a 25 anos, sendo em média 12 anos. Conforme a regressão (r = 98,4%), verificamos que na medida em que aumenta a idade da fêmea, maior será o peso (Figura 21). 21 Figura 21: Regressão entre a idade da fêmea do P. expansa e o peso em cativeiro no Amazonas. A figura a seguir, compara duas propriedades, uma fornece alimento à base de proteína animal e outra a base de proteína vegetal para suas matrizes referente ao ano em se cultiva (Figura 22). A tabela 2 mostra o histórico desses animais que hoje são matrizes e reprodutores, comprando as fontes de proteína com a idade dos animais. Os maiores animais são encontrados em propriedades que fornecem alimentos a base de proteína animal. 22 0,00 5,00 10,00 15,00 20,00 25,00 30,00 2005 2006 2007 2008 2009 Ano P e s o d a s f ê m e a s ( k g ) Fonte Proteína Vegetal Fonte Proteína Animal Figura 22: Propriedades que fornecem alimentos a base de proteína animal e vegetal. Tabela 2: Diferença em animais que são fornecidos alimentos a base de proteína vegetal e animal por idade Idade Proteína Animal Proteína Vegetal (Peso, kg) (Peso, kg) 3-4 anos 5,6 2,9 5-6 anos 7,2 5 7-9 anos 17,4 5,5 10-11 anos 18,6 17,3 Acima de 12 anos 36 19 Tabela 3: Espécies em cultivo e instalações para reprodução nos criadouros. Propriedade Espécies em cultivo Instalação Área lâmina d'água (m²) Área da praia (m²) Altura da praia (m) Balneário 3 irmãos P. expansa Canal Igarapé 180 12,50 0,70 Chácara Flora P. expansa/P. unifilis Barragem 5000 5000 0,80 Coco Laca I P. Expansa Barragem 7000 1200 1,9 Coco Laca II P. unifilis Escavado 350 25 0,5 CPPQA – Balbina P. expansa/P. unifilis Escavado 4500 1900 1,5 Fazenda do Riacho P. expansa/P. unifilis Escavado 800 465 1,07 Nossa Sra. Aparecida P. expansa/P. unifilis Barragem 5200 1500 3,40 São Francisco (Campos) P. expansa/P. unifilis Barragem 30000 10000 2,43 Seringal 25 de Dezembro P. expansa/P. unifilis Barragem 120000 1000 4,95 Nova Oriente P. expansa Escavado 1000 500 2,00 Propriedade Ana Nardia P. expansa/P. unifilis Barragem 63000 2000 1,50 Sítio Karina P. expansa/P. unifilis Escavado 1200 15 0,80 Sítio Paraíso Verde P. expansa Escavado 236,5 186,75 1,00 23 Foi verificada reprodução de quelônios em doze dos dezoito criadouros analisados. As praias de reprodução variam entre 12,5 a 10.000 m² e a altura da praia variando entre 0,5 e 4,95 m. As instalações onde encontram as matrizes e reprodutores para reprodução variam de 180 a 120.000 m² de lâmina dágua, sendo viveiros escavados, barragem e/ou canal de igarapé (Tabela 3). 5.2. Comportamento dos quelônios em cativeiro Monitoramento das matrizes ocorreu através de um etograma, onde foram verificadas a quantidade de boiadas por quadrante (barragem com matrizes divida em quatro partes) juntamente com a temperatura ambiente e temperatura da areia (Figura 28). As temperaturas e o número de boiadas foram verificadas a cada hora do período diurno em 5 dias alternados. Figura 23: Temperaturas médias em ºC da areia da praia e ambiente no período diurno (fotoperíodo). Para a análise estatística foi utilizada à regressão quadrática, a relação que obteve maior significância (r² = 0,48) foi à quantidade de boiadas em relação à hora do dia (Figura 24). Não houve preferência quanto a uma área específica para boiador em cativeiro e quanto à quantidade de boiadas nos diferentes quadrantes (Figura 25). T ºC Ambiente e T ºC areia 26,5 26,8 28,4 28,4 29,1 29,3 30 30,2 30,3 29,7 29 28,8 27,8 23,2 24,4 26 26,6 27,9 27,9 27,3 27,1 27 26,6 26,2 25,9 25,4 0 5 10 15 20 25 30 35 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 Horas do dia T e m p e r a tu r a º C T ºC Areia T ºC Ambiente 24 Figura 24: Número de boiadas da tartaruga-da-Amazônia em cativeiro por hora em quatro quadrantes. Figura 25: Regressão quadrática com relação fraca entre a quantidade de boiadas e as horas no decorrer do dia. 5.3. Reprodução da tartaruga-da-Amazônia e tracajá em cativeiro. 5.3.1 Nidificação e eclosão. Foram registrados a quantidade de ovos por ninho, o peso, o comprimento e a largura de uma amostra de 5 ovos a cada 5 ninhos (Tabela 4). Os ovos de P. unifilis possuem uma forma elipsoidal. Nos criadouros, o tamanho variou em média de 33,20 a 40,33 cm de comprimento, 22 a 32,8 cm de largura e o peso dos ovos entre 10,3 a 25,13 g. 0 10 20 30 40 50 60 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 Horas (fotoperíodo) N o d e B o ia d a s I Quadrante II Quadrante III Quadrante IV Quadrante 25 Os ovos P. expansa possuem uma forma esférica. Nos criadouros, o diâmetro variou em média de 33,3 a 40,27 cm e peso variou 19,8 a 37,67 g. O tamanho e peso dos ovos de tartaruga encontrados na Fazenda Nossa Sra. Aparecida, possuem valores aproximados a ovos encontrados em ambientes naturais como Vila Nova, Parintins. Os ovos de tartaruga encontrados em outras propriedades ainda estão pequenos em relação a ovos em ambientes naturais. Já os ovos de tracajá, a Fazenda São Francisco em 2009, obteve ovos com tamanho e peso aproximados aos de ambiente natural, no restante das propriedades, ainda são menores tanto no tamanho quanto no (Tabela 4). Tabela 4: Biometrias de ovos de tartaruga e tracajá em cinco criadouros da Região Metropolitana de Manaus e comparando-os com ovos de quelônios do Tabuleiro natural de Vila Nova em Parintins. Propriedade Ano Animal Comprimento (mm) Largura (mm) Peso (g) N. Sra. Aparecida (Iranduba/AM) 2007 Tartaruga 33,30 ± 3,54 - 19,80 ± 7,08 2008 Tartaruga 39,60 ± 2,92 - 37,67 ± 4,87 2008 Tracajá 37,5 ± 0,87 22,00 ± 0,71 15,00 ± 1,00 2009 Tartaruga 38,2 ± 1,92 - 29,20 ± 2,17 Faz. Seringal 25 de Dezembro (Manacapuru/AM)) 2009 Tartaruga 37,52 ± 1,56 - 21,4 ± 5,09 2009 Tracajá 40,25 ± 2,21 26 ± 2,82 10,3 ±1,5 São Francisco (Manacapuru/AM) 2007 Tracajá 34,30 ± 0,89 23,10 ± 0,22 16,40 ± 1,67 2008 Tartaruga 37,10 ± 1,76 - 29,20 ± 3,84 2009 Tracajá 40,33 ± 1,72 32,80 ± 5,13 25,13 ± 5,99 2009 Tartaruga 40,27 ± 1,62 - 33,00 ± 5,45 Coco Laca (Manacapuru/AM) 2007 Tracajá 34,80 ± 2,90 25,80 ± 1,48 22,50 ± 1,67 2008 Tartaruga 37,33 ± 2,81 - 26, 00 ± 11,49 2008 Tracajá 33,20 ± 1,45 26,30 ± 1,73 20,00 ± 3,32 2009 Tracajá 36,6 ± 0,55 25,4 ± 0,55 13,8 ± 0,45 Fazenda do Riacho (Manaus/AM) 2009 Tartaruga 35,6 ± 0,89 - 31,4 ± 0,89 2009 Tracajá 35,13 ± 2,17 22,67 ± 2,09 15,67 ± 2,02 Tabuleiro de Vila Nova (Parintins/AM) 2008 Tartaruga 38,00 ± 0,89 - 37,20 ± 0,98 2008 Tracajá 40,53 ± 1,31 26,13 ± 1,78 22,20 ± 2,74 A Fazenda Nossa Sra. Aparecida se destacou com o aumento na quantidade de covas de tartarugas no ano de 2007 a 2008, mas houve uma diminuição em 2009. Em 2008, a Fazenda Seringal 25 de Dezembro teve a maior produção de filhotes de tartaruga em um criadouro no Amazonas com 3.000 26 filhotes e em 2009, houve a maior quantidade ninhos já registrado em um criadouro com 107 covas. Na fazenda São Francisco, houve um aumento a cada ano e em 2009, adquiriu a maior taxa de eclosão de tartarugas entre os criadouros para o ano. Nessas propriedades citadas houve acompanhamento técnico direto durante o período de desova e eclosão. Não houve o sucesso desejado na eclosão nas propriedades nos últimos anos, as possíveis causas foram à praia artificial com muita vegetação, chuvas em excesso em 2008 e muita radiação solar em 2009, tudo no período de reprodução da tartaruga em cativeiro. Com a falta de verificação das covas diariamente pelos caseiros e proprietários, os ninhos tem sido predadas e encontrados apenas covas abertas com cascas de ovos nas proximidades dos ninhos, ocasionando uma baixa na taxa de eclosão. (Tabelas 5 e 6). Tabela 5: Reprodução, nidificação e eclosão de tartarugas (P. expansa) nos criadouros do Amazonas. Propriedade Ano Qtd. ninhos Média de ovos Total de ovos Filhotes nascidos Taxa Eclosão Balneário 3 irmãos 2008 1 59 59 0 0% Chácara Flora 2005 3 61 183 150 81,97% 2006 2 93 186 126 67,75% CPPQA – Balbina 2009 34 107,05 ± 32,12 3.639 1.635 44,92 % Faz Coco Laca 2008 1 66 66 0 0% Fazenda do Riacho 1998 1 63,25 64 60 93,75% 2002 3 63,25 190 158 83,16% 2003 6 63,25 380 310 81,57% 2004 3 63,25 190 130 68,42% 2007 3 63,25 190 180 97,74% 2008 7 63,25 443 35 7,90% 2009 12 70,2 ± 13,51 824 109 13,28% Faz. N. Sra. Aparecida 2007 6 60,5 ± 4,95 363 1 0,27% 2008 47 76,39 ± 23,93 3.590 1686 46,98% 2009 3 86 ± 13,37 258 87 33,72% Faz. São Francisco (Campos) 2005 3 80,00 240 216 90,00% 2008 9 79 ± 14,24 711 54 7,56% 2009 29 75,87 ± 21,07 2.200 1.234 56,1% Faz. Seringal 25 de Dezembro 2008 40 100 ± 29,15 4.000 3.000 75% 2009 107 84,07 ± 23,71 8.996 2.024 22,5% Nova Oriente Agropecuária 2005 8 87 ± 14,59 696 615 88,36% Propriedade Ana Nardia 2005 9 79,0 716 685 95,67% 2007 8 79,5 636 665 95,67% 2008 20 79,5 1.590 1500 94,34% Sítio Karina 2007 1 119 119 89 74,79% 2008 1 119 119 1 0,84% Sítio Paraíso Verde 2008 1 50 50 5 10% 27 As tartarugas (P. expansa) tiveram suas nidificações na areia, sendo na parte mais alta e seca da praia do criadouro, com as covas distantes em média 20,94 ± 5,90 metros da margem do recinto e 9,44 ± 4,68 metros da vegetação mais próxima. Em praias naturais, no caso do tabuleiro de Vila Nova em Parintins, as tartarugas desovam em média 45,22 ± 37,29 metros da margem do rio e 255,75 ± 704,79 metros da vegetação mais próxima. As covas de tartaruga em cativeiro têm em média 43,92 ± 7,94 centímetros de profundidade e 18,99 ± 4,14 centímetros de largura, já as covas em ambientes naturais, tem 50,44 ± 5,94 centímetros de profundidade e 17 cm de largura. Tabela 6: Reprodução, nidificação e eclosão de tartarugas (P. unifilis) nos criadouros do Amazonas. Propriedade Ano Qtd. ninhos Média de ovos Total de ovos Filhotes nascidos Taxa Eclosão Chácara Flora 2005 1 24 24 20 83,33% 2007 4 24 96 69 71,88% CPPQA – Balbina 2009 45 26,1 ± 4,07 1.178 697 59,17% Faz Coco Laca 2007 4 24 ± 3,27 96 28 29,14% 2008 7 23,22 ± 6,91 209 87 45,59% 2009 14 21,86 ± 6.50 307 124 40,39% Fazenda do Riacho 2002 10 24 240 108 45% 2003 15 23,67 355 160 45% 2004 3 25 75 40 53,33% 2005 20 25 500 200 40% 2006 30 26 780 350 44,87% 2007 40 26 1.040 544 52,31% 2008 60 26 1.560 1.100 70,51% 2009 53 26,33 ± 6,99 1.441 529 36,71% Faz. N. Sra. Aparecida 2008 3 17 ± 8,54 51 0 0,0% 2009 3 18,67 ± 7,58 56 0 0,0% Faz. São Francisco (Campos) 2007 11 26,43 ± 8,81 290 20 6,88% 2008 9 29,33 ± 8,67 264 0 0,0% 2009 18 21,18 ± 6,83 381 157 41,18% Faz. Seringal 25 de Dezembro 2008 15 24 360 270 75% 2009 42 26,13 ± 5,61 1.124 279 24,82% Propriedade Ana Nardia 2005 3 24 72 37 51,38% Sítio Karina 2002 1 24 24 23 95,8% 2006 1 24 24 6 25% 2007 1 24 24 2 8,33% 2008 1 24 24 1 4,17% Os tracajás (P. unifilis) tiveram suas nidificações na areia, na grama e no barranco, não tendo preferência pelo local de desova. As covas ficaram distantes em média 5,87 ± 2,76 metros da margem do recinto e 2,00 ± 2,23 metros da vegetação mais próxima. Em praias naturais, no caso do tabuleiro de Vila Nova em Parintins, os tracajás desovam em média 199,22 ± 167,27 metros da margem 28 do rio e 272,37 ± 449,36 metros da vegetação mais próxima. As covas de tracajá em cativeiro têm em média 16,44 ± 1,34 centímetros de profundidade e 13,67 ± 1,49 centímetros de largura, já as covas em ambientes naturais, tem 19,33 ± 3,67 centímetros de profundidade e 11,17 ± 1,17 metros de largura. Na década de 90, não se acreditava em reprodução de quelônios em cativeiro, mas em 1998, foi registrada a primeira cova de tartaruga em cativeiro na propriedade do Sr. Raimundo Martins. A partir de 2005, houve aumento reprodução de quelônios em cativeiro em outras propriedades, sendo que a maior quantidade de ninhos e filhotes de tracajá nascido em cativeiro no Amazonas foi em 2008 na propriedade do Sr. Raimundo Martins com 60 ninhos e 1.100 filhotes nascidos (Tabela 6). Total de ninhos de P expansa e P. unifilis anualmente em cativeiro no Amazonas 3 6 3 28 12 18 127 11 15 3 24 31 60 185 175 95 0 50 100 150 200 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 Q u a n ti d a d e Tartaruga Tracajá Figura 26: Quantidade anual de ninhos de P. expansa e P. unifilis em todos criadouros no Estado do Amazonas. 29 Figura 27: Regressão entre a idade do plantel reprodutivo e a quantidade ninhos de P. expansa em cativeiro no Amazonas. Figura 28: Regressão entre o peso das fêmeas e a quantidade de ovos de P. expansa em cativeiro no Amazonas. 30 Conforme a regressão verificou-se que quanto maior a idade dos animais do plantel reprodutivo, maior será a quantidade de ninhos depositados (Figura 29). A idade mínima reprodutiva é 7 anos e peso das fêmeas 10 kg. Também foi observado que quanto maior o peso das fêmeas, maior a quantidade ovos depositadas em cada ninho (Figura 30) e quanto maior o peso dos animais do plantel reprodutivo, maior será a quantidade de ninhos depositados (Figura 31). Figura 29: Regressão entre o peso do plantel reprodutivo e a quantidade de ninhos de P. expansa em cativeiro no Amazonas. A tabela a seguir apresenta os dados obtidos após a abertura do ninho, com verificação de ovos gorados, inférteis e ovos que foram predados durante incubação. Tabela 7: Eclosão de filhotes de tartaruga e tracajá nos criadouros. Propriedade Ano Animal Nº ninhos Média Nº ovos Ovos Inférteis Ovos Gorados Ovos Predados Taxa de Eclosão Fazenda do Riacho (Manaus/AM) 2009 Tartaruga 12 70,2 ± 13,51 6,33% 80,14% 0,25% 13,28% Tracajá 53 27,19 ± 7,51 1,22% 53,81% 8,26 % 36,71% Fazenda Seringal 25 de Dezembro (Manacapuru/AM) 2008 Tartaruga 40 100 ± 29,15 0% 20% 5% 75% Tracajá 15 24 0% 20% 5% 75% 2009 Tartaruga 107 84,07 ± 23,71 0,34% 71,64% 5,52% 22,5% Tracajá 42 26,13 ± 5,61 0% 44,44% 30,74% 24,82% Nossa Sra. Aparecida (Iranduba/AM) 2007 Tartaruga 6 60,5 ± 4,95 0% 7,20% 92,70% 0,10% Tracajá 0 - - - - - 2008 Tartaruga 47 76,39± 23,93 0,60% 47,89% 2,22% 46,98% Tracajá 3 17 ± 6,98 0% 43,14% 56,86% 0% 2009 Tartaruga 3 86 ± 13,37 0% 66,28% 0% 33,72% Tracajá 3 18,67 ± 7,58 0% 0% 100 % 0% Campos – São Francisco (Manacapuru/AM) 2007 Tartaruga 0 - - - - - Tracajá 11 26,43 ± 8,81 3,10% 25,52% 64,50% 6,88% 2008 Tartaruga 9 79 ± 14,24 4,68% 79,86% 7,90% 7,56% Tracajá 7 29,33 ± 8,67 0% 0% 48,71% 0% 2009 Tartaruga 29 75,87 ± 21,07 0,07% 39,72% 3,48% 56,1% Tracajá 18 21,18 ± 6,83 0% 10,08 48,74% 41,18 % CPPQA – Balbina Pres. Figueiredo 2009 Tartaruga 34 107,05 ± 39,12 5,95 % 43,40 % 5,73 % 44,92 % Tracajá 45 26,1 ± 4,07 12,22% 21,99% 6,62% 59,17% Coco Laca (Manacapuru/AM) 2007 Tartaruga 0 - - - - - Tracajá 4 24 ± 3,27 5,21% 6,25% 59,40% 29,14% 2008 Tartaruga 1 66 0 % 54,55 % 45,45 % 0 % Tracajá 9 23,22 ± 6,91 11,90% 34,01% 6,80% 45,59% 2009 Tartaruga 0 - - - - - Tracajá 14 21,86 ± 6.50 1,95% 41,04% 16,61% 40,39% Praia de Vila Nova (Parintins/AM) 2008 Tartaruga 24 110,66 ± 15,90 0% 10.56% 75% 14,44% Tracajá 105 30,44 ± 2,06 0,27% 0,53% 60% 39.20% Durante o período de incubação, houve monitorados ninhos para a identificação de sinais de presença dos filhotes. As covas de tartaruga tiveram 60,67 ± 4,15 dias incubados até a eclosão. As covas de tracajá tiveram 58,02 ± 7,48 dias incubados até a eclosão. Fig. 30: 1º dia do embrião no ovo d P. expansa. Fig. 31: 2º dia embrião no ovo de P. expansa. No nascimento, contou-se o número de filhotes vivos, número de embriões mortos e número de ovos sem desenvolvimento aparente (inférteis) e verificou-se a presença de predação (Tabela 8). Após a absorção total do vitelo, os filhotes de tracajá foram medidos, pesados através da biometria e marcados. Houve monitoramento direto no período reprodutivo e eclosão nos seis criadouros descritos. Em 2007, na tentativa de capturar mais filhotes, foi construída uma armadilha conhecida como pitt-fall nas propriedades. Na Fazenda do Sr. Vasconcelos foi capturado apenas 1 filhote de tartaruga e na propriedade do Sr. Francisco Campos nenhum quelônio. A taxa de predação nas propriedades deveu-se, principalmente pelo consumo humano, furtos na praia, invasão de cachorros na chocadeira, as formigas, mucura (Didelphis sp.) e aos jacurarus (Tupinambis tegunxim) que abriram as covas e comeram os ovos. Outra conseqüência, foi que em ninhos abertos, os ovos foram predados e gorados, sendo atacados por larvas de moscas das famílias Muscidae e Sarcophagidae. Outro motivo de perdas foram os ovos gorados devido a grande umidade da areia e praias baixas em relação ao nível da água na maioria das propriedades. Em ambiente natural, a taxa de predação humana é alta tanto pra tartaruga quanto tracajá devido o alto consumo humano, que retiram cerca de 75% dos ovos de tartaruga e 60% de tracajá na praia conforme as estimativas, tendo uma elevada taxa de predação. A solução para aumentar a eclosão, nos próximos anos nos criaoduros, será a limpeza da praia, não deixando crescer vegetação, eliminação das formigas, e tela ou um muro de proteção resistente circulando a barragem e a praia para evitar a entrada de cachorros, bois e jacuraru e elevar a altura da praia para diminuir umidade. A partir de 2002, foram contabilizados 30.667 ovos e 14.695 filhotes de tartaruga (P. expansa) nascidos em cativeiro, tendo uma taxa de eclosão geral de 46,53%, com destaque os anos de 2008 e 2009 com 77,37% de todos os filhotes já produzidos em cativeiro no Amazonas (Figura 34). Total anual de ovos e filhotes nascido de P. expansa em cativeiro no Amazonas 10628 158 15950 1308726 2185 190380 190 5.089 6281 935426 1816 130310 0 2000 4000 6000 8000 10000 12000 14000 16000 18000 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 Q u an ti d ad e Total de ovos Total filhotes nascido Figura 34: Quantidade anual de ovos e filhotes de P. expansa produzidos em cativeiro no Estado do Amazonas. A partir de 2002, foram contabilizados 10.426 ovos e 4.851 filhotes de tracajá (P. unifilis) nascidos em cativeiro, tendo uma taxa de eclosão geral de 47,92%. A partir de 2005, a produção de ovos e filhotes vem aumentando Figura 32: Cova de P. expansa predada por jacuraru. Figura 33: Larvas de mosca predando ovos de P. expansa. gradativamente, no qual se destaca os anos de 2008 e 2009 com 66,87% de todos os filhotes já produzidos em cativeiro no Amazonas (Figura 35). Total anual de ovos e filhotes nascido de P. unifilis em cativeiro no Amazonas 75 572 804 1446 2468 4442 264 355 1786 1458 663 356 25740131 160 0 1000 2000 3000 4000 5000 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 Q u a n ti d a d e Total de ovos Total filhotes nascidos Figura 35: Quantidade anual de ovos e filhotes de P. expansa produzidos em cativeiro no Estado do Amazonas. Nos criadouros, a razão sexual que proporcionou a maior quantidade de ninhos, quantidade de ovos e posteriormente eclosão, foi a de 5 a 6 fêmeas por macho (Figura 36). O principal fator que influencio na taxa de eclosão nos criadouros foi o nível da praia. Quanto maior o nível da praia, maior será a quantidade de ninhos e posteriormente melhor eclosão (Figura 37). Figura 36: Regressão entre a razão sexual do plantel e a quantidade de ninhos em cativeiro no Amazonas. 0 1 2 3 4 5 6 0 10 20 30 40 50 Nível da pra Q td . n in h o s Qtd. ninhos = 0,918889 + 1,41050 Nível da pra + 0,839472 Nível da pra**2 S = 4,42766 R-Sq = 78,3 % R-Sq(adj) = 75,9 % Regression Plot Figura 37: Regressão entre a quantidade de ninhos e o nível da praia para quelônios em cativeiro no Amazonas. Os filhotes de P. expansa nascido nos criadouros variaram em média 44,60 a 48,5 cm de comprimento da carapaça e 18,71 a 22,13 g de peso, sendo menores que os nascidos em ambiente natural com média 53,00 ± 3,51 cm de comprimento da carapaça e 29,42 ± 4,21 g de peso. Os filhotes de P. unifilis nas propriedades nasceram com comprimento médio da carapaça variando 37,02 e 40,53 cm e peso entre 13,5 e 19,12 g. Figura 38: Eclosão de P. expansa na Faz Nossa Sra Aparecida. Figura 39: Biometria de P. unifilis na Fazenda São Francisco. Os animais nascido em ambiente natural possuem tamanho da carapaça e peso maiores do que os nascidos em cativeiro, possivelmente os reprodutores são maiores e com mais idade do que as matrizes e reprodutores nascidos em cativeiro. Tabela 8: Comprimento da carapaça e peso dos filhotes de tracajá e tartaruga nascido em cativeiro no ano de 2009. Foram realizadas correlações de Pearson com as variáveis: Comprimento da carapaça das fêmeas e machos, peso das fêmeas e machos, porcentagem de fêmeas acima de 10 kg, 15 kg e 20 kg, número de ninhos, média de ovos, profundidade e largura do ninho e peso dos filhotes (ANEXO). As regressões que obtiveram melhores resultados foram: O peso da fêmea de Podocnemis expansa está correlacionado (Pearson) positivamente com o comprimento da carapaça (r = 0,95), número de ninhos (r = 0,66) e a profundidade do ninho (r = 0,68). O comprimento da carapaça da fêmea de Podocnemis expansa está correlacionado (Pearson) positivamente com o número de ninhos (r = 0,68) e a profundidade do ninho (r = 0,73). O peso do macho de Podocnemis expansa está correlacionado (Pearson) positivamente com o peso do filhote (r = 0,82). O comprimento da carapaça do macho de Podocnemis expansa está correlacionado positivamente com o peso do filhote (r = 0,83). O número de ninhos está correlacionado positivamente com a profundidade do ninho (r = 0,74). A média de ovos por ninho está correlacionado com a profundidade do ninho (r = 0,68). O peso do ovo está correlacionado com peso do filhote (r = 0.99). Propriedade Espécie Comprimento carapaça (mm) Peso (g) N. Sra. Aparecida Tartaruga 46,41 ± 1,62 20,18 ± 1,77 São Francisco Tartaruga 44,61 ± 2.55 21,29 ± 3,29 Tracajá 40,53 ± 0,97 13,93 ± 0,64 Seringal 25 de Dezembro Tartaruga 45,18 ± 2,38 18,71 ± 2,17 Tracajá 39,91 ± 2,18 12,69 ± 1,79 Coco Laca Tracajá 45,56 ± 3,36 19,12 ± 4,88 CPPQA - Balbina Tartaruga 48,5 ± 1,12 22,13 ± 0,64 Tracajá 37,02 ± 2,98 13,5 ± 1,41 Fazenda do Riacho Tartaruga 44,6 ± 2,21 20,4 ± 1,35 Tracajá 38,39 ± 3,79 14,35 ± 3,19 Tabuleiro de Vila Nova Tartaruga 53,00 ± 3,51 29,42 ± 4,21 Tracajá 42,37 ± 1,34 16,27 ± 1,67 A porcentagem de fêmeas acima de 15 e 20 kg estão correlacionado positivamente com o número de ninhos respectivamente (r = 0,55 e r = 0,64). O peso do filhote de Podocnemis expansa correlacionou (Pearson) negativamente com a profundidade do ninho (r = - 0,82). 6. CONCLUSÃO As vendas de tartarugas vivas legalizadas diminuem nos meses de agosto e setembro devido à oferta dos animais de tráfico em alta e os preços da comercialização não concorrem com os de trafico. Os meses com maiores picos de comercialização de tartarugas legalizadas ocorrem nos meses de maio e dezembro devidos às datas festivas. Animais comercializados criados com alimento a base de proteína animal possuem maiores pesos do que os animais alimentados com proteína vegetal. Quanto maior a idade do plantel reprodutivo, maior será a quantidade de ninhos no criadouro. Quanto maior o peso médio do plantel reprodutivo, maior será a quantidade de ninhos no criadouro. A razão sexual que proporcionou a maior quantidade de ninhos e quantidade de ovos foi a de 5 a 6 fêmeas por macho. Quanto maior o peso e o comprimento da carapaça das fêmeas, maior a quantidade de ovos depositados e mais profundo o ninho . O peso e o comprimento da carapaça dos machos, tem influência no peso dos filhotes. Quanto maior a altura da praia, maior a quantidade de ninhos e melhor taxa de eclosão. Quanto maior número de ovos por ninho e o peso dos filhotes eclodidos, maior a profundidade do ninho. A taxa de predação foi alta devido aos cuidados que faltaram na praia artificial de reprodução e quanto ao controle de predadores no período de desova nos criadores. Os principais predadores registrados em cativeiro foram cachorros, mucura (Didelphis sp.), as formigas, paquinha, larvas de mosca e os jacurarus (Tupinambis tegunxim). A taxa de ovos gorados foi influenciado pela baixa altitude das praias e a proximidade dos ninhos em relação a água, deixando-os bastante úmidos. Os ovos e filhotes nascido em ambiente natural possuem tamanhos e peso maiores do que os em cativeiro, possivelmente os animais são maiores e com maior idade do que as matrizes e reprodutores em cultivo. 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ACOSTA, A. D.; TERAN, A. F.; RAMIREZ, I. V.; TALEIXO, G. T. Alimentación de las crías de Podocnemis unifilis (Reptilia: Testudinides) en cautiverio, Iquitos, Peru. In: CONGRESSO INTERNACIONAL SOBRE MANEJO DE FAUNA SILVESTRE EN AMAZONIA E LATINOAMERICA. 2., 07/05- 12/05/1995. 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